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A Al Qaeda pós-Bin Laden

terça-feira, 3 de maio de 2011

TERRORISMO

A Al Qaeda pós-Bin Laden

Morte de líder terrorista não deve interrompe ações da organização, que pode concentrar sua liderança no Iêmen

A primeira pergunta que muitos no Ocidente farão ao ouvir a notícia da morte de Osama bin Laden é: isso nos deixa mais a salvo? A resposta cautelosa dos especialistas de segurança é que, a curto prazo, o perigo de ataques terroristas pode aumentar, já que a Al Qaeda e seus grupos afiliados podem buscar maneiras de vingar a morte de seu líder simbólico, mas que, a longo prazo, a morte de Bin Laden pode corroer a organização e sua influência sobre o movimento jihadista global. Mesmo essa afirmação, pode ser muito otimista. Osama bin Laden morto é melhor que Osama bin Laden vivo, mas a verdade é que sua morte pode ter um significado maior para seus seguidores do que para seus inimigos.
Talvez, se a oportunidade de capturar ou matar Bin Laden nas montanhas de Tora Bora em novembro de 2001 não tivesse sido desperdiçada, o golpe à Al Qaeda tivesse sido substancial. Mas na maior parte da última década, a organização terrorista teve tempo mais que suficiente para se adaptar à vida sem Bin Laden como seu principal líder. O fato da mansão onde Bin Laden vivia escondido desde 2005 não ter acesso à internet, deixa bem claro como sua importância operacional estava diminuída. Salvo por ocasionais discursos contrabandeados para a Al-Jazeera, o maior valor de Bin Laden para a Al-Qaeda era sua habilidade para inspirar e unificar adeptos, à medida em que a rede evoluía apara uma clássica operação de franquias, ainda que baseada em formas de alianças quase tribais.
Nos últimos dez anos, mesmo enquanto o “coração da Al Qaeda” no Afeganistão e nas áreas tribais do Paquistão vinha sendo reduzida pelas forças especiais e os ataques aéreos a não mais que poucas centenas de membros, sua rede se expandiu, novos líderes operacionais foram recrutados e treinados, células resilientes foram formadas, e novas bases foram formadas. A Al Qaeda aprendeu a trabalhar com grupos jihadistas locais e nacionalistas, ajudando a amplificar e reorientar sua violência, muitas vezes encorajando, e até mesmo presidindo esforços colaborativos entre os grupos. Independentemente do destino de Bin Laden, o Talibã continuará a lutar tanto no Afeganistão quanto no Paquistão, enquanto franquias no Iêmen (Al Qaeda na Península Arábica, ou AQAP), no Norte da África (al-Qaeda no Magreb, ou AQIM) e grupos afiliados, como a Shabab, na Somália, continuarão operando como antes. Por enquanto, a Shabab e a AQIM são problemas regionais, embora ocidentais possam ser alvos, como no caso do ataque a um café turístico em Marrakesh na semana passada. No entanto, fontes de segurança do Ocidente encaram a AQAP como a principal ameaça aos inimigos “próximos” e “distantes”, da Al Qaeda.
A AQAP, sob a liderança de Nasser al Wahayshi, um ex-empregado de Bin Laden, e Anwar al Awlaki, um clérigo iemenita-americano, está por trás de recentes planos terroristas que tinham os Estados Unidos como alvo , desde o tiroteio de Fort Hood até o “terrorista da cueca” do Natal, e a altamente sofisticada tentativa de explodir dois aviões de carga em Chicago, usando explosivos escondidos em cartuchos de impressora. Com Bin Laden morto e suas bases no sul e no leste do Iêmen capazes de promover uma proteção reforçada do que o Waziristão do Norte, base da Al Qaeda central, a AQAP tem potencial para aumentar sua influência sobre toda a organização. Para isso, no entanto, ela terá que realizar, com sucesso, alguma ação espetacular para confirmar sua capacidade.
Tais ações também levam anos para serem planejadas. Nesse meio-tempo, a resposta da Al Qaeda à morte de Bin Laden deve acontecer sob a forma de ataques solitários no Ocidente e mais caos no Paquistão e no Afeganistão. Em outras palavras, tudo seguirá como antes, com talvez um pouco mais de ação nas semanas e meses que vem pela frente.
Após uma década de incansáveis atritos militares e financeiros, a Al Qaeda pode não ser tudo aquilo que se pensava, mas evoluiu para algo não menos perigoso. Como um inteligente executivo-chefe, o grande feito de Bin Laden foi ter construído algo que já não precisava mais dele.
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