Palocci é alvo de ‘fogo amigo’ com a desconfiança de governadores

 Por Redação - de Salvador e São Paulo

Palocci, na Casa Civil do governo Dilma, enfrenta a desconfiança de governadores

O ministro-chefe da Casa Civil, AntonioPalocci, foi vítima de novos disparos de ‘fogo amigo’, neste sábado, a partir de um dos mais conceituados líderes do Partido dos Trabalhadores (PT). Em entrevista a uma rádio de Salvador, o governador da Bahia, Jaques Wagner estranhou a fortuna dePalocci. O crescimento patrimonial do ministro “chama a atenção” e “tumultuou o ambiente político” no país, disse o petista à Rádio Metrópole. O faturamento de R$ 20 milhões pela empresa de consultoria Projeto, em 2010, segundo Wagner, é “muito grande”.

– Se foi ganho dentro de um trabalho normal, é mérito dele, mas chama a atenção, em um ano de consultoria, ganhar R$ 20 milhões. Todo mundo se surpreende, porque é um rendimento muito grande. Chama a atenção, como chamou a atenção o apartamento dele – disse o governador à rádio, referindo-se ao imóvel comprado por cerca de R$ 7 milhões, na capital paulista.

Wagner, no entanto, reconhece que Palocci, ex-ministro da Fazenda do governo Lula, tem “formação privilegiada” e ganhou dinheiro enquanto ele estava fora do governo. Além disso, a oposição tenta criar um “ambiente de confusão” em torno do caso.

“Solidário”

Segundo o governador, a demora do ministro em dar explicações sobre sua evolução patrimonial é outro fator que apenas contribuiu para o agravamento da crise. Sempre que pesam suspeitas, segundo Wagner, o “melhor caminho é o mais curto”.

– Quanto mais demora, (há) mais gente levantando lebre, mais questionamento sendo feito, não é bom para ninguém. Espero que ele rapidamente possa fazê-lo e aí pacifica essas coisas – aguarda o governador.

Wagner pondera, ainda, que já viu muita gente ser “enxovalhada e (depois) não ser nada provado” e que “até prova em contrário”, tem de estar “solidário” com Palocci.

Ações legítimas

Outro líder petista incomodado com a evolução patrimonial de Palocci é o governador do Rio Grande do Sul. Ex-ministro da Justiça no governo Lula, Tarso Genro acredita que os ataques contra o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Pallocci, são ações legítimas da oposição.

– Eles têm que fazer esse tipo de fiscalização, mas entre ser uma ação política legítima para cobrar do ministro do governo algum tipo de informação e atribuir veracidade a elas, há uma distância muito grande – afirmou.

Genro, em recente encontro de líderes petistas, em Brasília, fez uma recomendação a Palocci idêntica ao conselho de Wagner: provar o quanto antes a sua inocência diante das denúncias.

Investigação ‘ilegal’

Advogado de Palocci, José Roberto Batochio qualificou de “ilegal” a decisão da Procuradoria da República no Distrito Federal de abrir investigação sobre o enriquecimento do ministro e as atividades de sua consultoria, a Projeto. O procurador Paulo José Rocha Júnior busca averiguar se de fato a Projeto prestou serviços que justifiquem o enriquecimento do ministro.

– O procurador agiu com base em meros boatos. Não existe o menor indício de qualquer irregularidade.” O advogado também investiu contra o procurador Rocha Júnior. Ele gosta de temas políticos e polêmicos – afirmou Batochio.

No Ministério Público, Palocci encaminhou à Procuradoria Geral da República (PGR) na véspera, as respostas a um pedido de explicações feito pelo procurador-geral Roberto Gurgel. O conteúdo do documento não foi revelado ao público e Batochio teria orientado Palocci a não revelar os nomes dos seus clientes, argumentando que ele não pode violar a confidencialidade dos contratos.