CULTURA

Reino Unido faz a festa no noticiário e nas telas

O casamento real foi o grande assunto dos últimos dias. Nos cinemas, “Rio” lidera, mas os britânicos também estão em alta. Por Solange Noronha

O Rio é uma festa. Londres, também. Enquanto os holofotes se voltavam para o casamento do príncipe William e Kate Middleton, que ocupou todos os noticiários ao longo de semanas, o belo e coloridíssimo “Rio”, de Carlos Saldanha, liderava as bilheterias brasileiras e norte-americanas. Os britânicos, porém, não fizeram feio nas duas listas dos mais vistos, com “Hop — Rebeldes sem Páscoa” mantendo-se firme no quarto lugar.

Explica-se: no filme norte-americano, que mistura atores de carne e osso com animação, os coelhos da versão original falam com o mais perfeito sotaque dos súditos de Sua Majestade e mantêm o regime monárquico — provavelmente seus ancestrais chegaram à Ilha de Páscoa com a expedição do capitão James Cook, nos anos 1700. O rei, responsável pela distribuição de ovos de chocolate mundo afora, é dublado por ninguém menos que Hugh Laurie, inglês de Oxford que esconde suas origens em “House”, série em que precisa falar como se fosse nativo dos Estados Unidos. E seu filho rebelde, que prefere ser baterista a sucedê-lo no trono, tem a voz de Russel Brand, nascido em Essex.

Sotaque que encanta

Em incontáveis filmes norte-americanos — com destaque para os cômicos e os românticos, ou os que misturam os dois gêneros — encontram-se referências ao irresistível charme do sotaque britânico. As mocinhas se encantam com o jeito de falar dos rapazes — especialmente se ele vem acompanhado do sorriso de um Jude Law, por exemplo. Resistir, quem há de?

Quem é fã da distinta sonoridade e também gosta de animação pode se deliciar, ainda, mais com o DVD de “Como treinar o seu dragão”. Na versão original, os vikings capricham no sotaque do Reino Unido, ainda que o elenco de dubladores inclua atores dos Estados Unidos e do Canadá, em meio a muitos ingleses e escoceses, entre os quais Gerard Butler, Craig Ferguson, David Tennant e Ashley Jensen. Com ou sem sotaque, o filme é daqueles que, mesmo tendo sido feitos para crianças, são capazes de agradar aos adultos e prendê-los no sofá, torcendo pelos personagens.

Muita ação na próxima disputa

Filme mais anunciado dos últimos tempos, “Thor” acaba de chegar aos cinemas brasileiros trazendo uma enorme variedade de acentos possíveis da língua inglesa. Afinal, a superprodução dos EUA tem direção do irlandês Kenneth Branagh e, no numeroso elenco, conta com o australiano Chris Hemsworth, o galês Anthony Hopkins e o inglês (londrino) Tom Hiddlestone nos principais papéis — vivendo, respectivamente, o personagem título, o poderoso Odin e o invejoso Loki.

Enfrentando esse rolo compressor cheio de ação e marketing, a capital fluminense voltará a dar as caras nas telas no dia 6 de maio, em “Velozes e furiosos 5 — Operação Rio”. Ao contrário da criação de Carlos Saldanha, que só tem recebido elogios aqui e lá fora, a forma como é mostrada a cidade desagradou a quem assistiu à pré-estreia do novo filme estrelado pelo fortão Vin Diesel.

Seja qual for o resultado desse embate, bom mesmo é viajar pelo Rio com a voz de Rodrigo Santoro (em bom inglês, na pele do ornitólogo Túlio) e esperar que não apenas o sedutor sotaque, mas também as produções britânicas ganhem mais espaço nas telas brasileiras. Recentemente, a atriz Helen Mirren lamentou o fechamento do UK Film Council. Sem o seu apoio, será que veremos ainda menos filmes vindos de lá? Atualmente, até uma comédia despretensiosa e divertida como “Santa paciência” (“The infidel”) — com Archie Panjabi, a Kalinda de “The good wife”, e estreia prevista para 13 de maio — está demorando mais de um ano para conseguir chegar ao Brasil. Uma pena.