Novo projeto de ciência cidadã vai melhorar as
chances de encontrar ETs
Desde 1993, quando o orçamento da agência espacial norte-americana NASA foi cortado, a Busca por Inteligência Extraterrestre (SETI, na sigla em inglês), que escaneia os céus procurando por sinais de rádio de alienígenas inteligentes, tem sido inventiva em seus métodos. Em particular, foi pioneira no campo da “ciência cidadã”, na qual amadores interessados são recrutados para ajudar profissionais a processar informação. Em 1999, ela começou o SETI@home, uma aplicação que usa poder de processamento ocioso do computador de voluntários para peneirar a informação gerada por seus radiotelescópios. Hoje, o SETI@home tem mais de 1 milhão de usuários.
Em 29 de fevereiro o Instituto SETI lançou outro projeto de ciência-cidadã. Dessa vez, no entanto, os pesquisadores estão menos interessados nos computadores digitais dos voluntários do que nos biológicos que eles tem entre as orelhas. SETILive, como o projeto é chamado, espera usar a capacidade de reconhecimento de padrões que os cérebros têm para distinguir sinais interessantes na cacofonia de interferências geradas pelos habitantes do planeta Terra — e fazê-lo em tempo real.
A ideia básica por trás do SETI é procurar emissões de radiofrequência que podem vir de alienígenas avançados ao invés de fontes naturais como estrelas. Para fazer isso, o SETI Institute usa um instrumento chamado Allen Telescope Array — um grupo de 42 pequenos pratos de radiotelescópios na Califórnia, parcialmente pagos pelo homônimo co-fundador da Microsoft, Paul Allen.
Infelizmente, algumas partes do espectro de rádio estão cheias de sinais criados por terráqueos, ao invés de por alienígenas. Tudo desde satélites passando e lixo espacial caindo até radares baseados no chão e mesmo sistemas de ignição de carros próximos podem gerar ondas de rádio falsas que confudem o software. Até agora, o projeto tem lidado com isso ignorando as partes mais cheias do espectro. Mas o SETILive vai começar a usá-las.
Sinais alienígenas em meio ao caos terrestre
Fará isso enviando representações pictoriais (conhecidas como waterfall) de informações dessas partes mais barulhentas do espectro a seus usuários na esperança de que eles sejam capazes de filtrar o barulho e ver sinais potencialmente interessantes enterrados por atrás da desordem da Terra. Os sinais interessantes não necessariamente terão vindo de civilizações alienígenas, diz Chris Lintott, um astrofísico da Universidade de Oxford que ajuda a administrar o Zooniverse, um site de ciência cidadã que tem vários projetos, incluindo o SETILive. Mas mesmo que eles não consigam, algum novo fenômeno astronômico pode ser descoberto pelo projeto. E à medida que as diversas fontes de interferência ficam mais bem caracterizadas, os resultados serão enviados a uma busca automática de algoritmos, aumentando sua habilidade para lidar com ruído terrestre.
O SETILive se destaca porque ao invés de fazer os usuários observarem a informação gravada, os alienígenas são caçados “ao vivo”. Usuários concetados acessam a informação visual direto dos radiotelescópios. Eles têm que trabalhar rápido, no entanto. A cada 90 segundos, a direção muda para uma estrela diferente, ou uma frequência diferente, e uma nova imagem é gerada.
Se, no entanto, humanos realmente observarem algo interessante, o telescópio pode ser avisado em três minutos para voltar a observar a estrela com a frequência em questão, para ver se o sinal ainda está lá. Essa é uma grande vantagem, diz Lintott. Voluntários trabalhando no SETI@home encontraram muitos sinais interessantes, mas pelo fato de a informação analisada ser frequentemente de meses antes, os sinais geralmente já sumiram até que alguém vá checá-los.
O mais famoso exemplo de tal descoberta atrasada, bem anterior ao início do SETI@home, é o chamado sinal “uau”. O sinal, que parecia exatamente com o tipo de coisa que astrônomos haviam teorizado que alienígenas pudessem usar para entrar em contato foi visto em imagens de telescópios em 1977. Era uma poderosa difusão bem sintonizada na mais importante frequência natural para radioastrônomos. Mas até os astrônomos notarem o sinal e configurar os instrumentos para checá-lo novamente, ele tinha desaparecido.
Se um segundo sinal “uau” fosse descoberto pelo SETILive, astrônomos poderiam se focar nele quase imediatamente. O primeiro contato com alienígenas, então, poderia acontecer não em um laboratório cheio de computadores, mas em um quarto de subúrbio tarde da noite. Isso poderia gerar um filme.


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