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Clarice Lispector: muitas facetas, todas brasileira

domingo, 23 de dezembro de 2012




A brasileira nascida na Ucrânia foi escritora, jornalista e enfermeira durante a Segunda Guerra Mundial

article image     Clarice Lispector morreu no dia 9 de dezembro de 1977, a um dia de completar 57 anos, no Rio de Janeiro. Essa grande brasileira na verdade não nasceu no Brasil, mas em Tchelchenik, na Ucrânia, em 1920. No entanto, veio para cá já aos dois meses de idade, quando se instalou com a família, primeiramente em Maceió, e depois no Recife. Em 1942, procurando antecipar o seu processo de naturalização, a jovem escritora enviou uma carta ao então presidente da República, Getúlio Vargas, em que para argumentar se definia e falava de seu futuro: Uma russa de 21 anos de idade e que está no Brasil há 21 anos menos alguns meses.
Que não conhece uma só palavra de russo mas que pensa, fala, escreve e age em português, fazendo disso sua profissão e nisso pousando todos os projetos do seu futuro, próximo ou longínquo (…) tudo que fiz tinha como núcleo minha real união com o país e que não possuo, nem elegeria, outra pátria senão o Brasil. Poderei trabalhar, formar-me, fazer os indispensáveis projetos para o futuro, com segurança e estabilidade. A assinatura de V.Exª tornará de direito uma situação de fato. Creia-me, Senhor Presidente, ela alargará minha vida. E um dia saberei provar que não a usei inutilmente.
Com isso, Clarice Lispector já deixava registrado que vivia para escrever, e que a sua língua era o português. Ela deu aulas do idioma e atuou como jornalista antes de começar a publicar romances. O jornalismo foi importante para que, ainda bem nova, se aproximasse de nomes como Antônio Callado, Hélio Pelegrino, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. Apenas dois anos depois de escrever a carta ao presidente, Clarice já estaria começando a cumprir a quase profecia contida na última frase do trecho reproduzido neste artigo: em 1944 foi lançado o primeiro romance da autora, Perto do Coração Selvagem. O livro aborda a solidão e a incomunicabilidade humana, utilizando uma linguagem que se aproxima da poesia.
Pouco antes disso, em 43, Clarice havia se casado com o diplomata Maury Gurgel Valente, com quem ficaria por 15 anos e teria dois filhos, Pedro e Paulo. Logo após se unir, o casal rumou para a Europa, em plena Segunda Guerra Mundial. Na Itália, onde ficaram até 1946, Clarice mostraria um outro lado de sua personalidade, atuando como enfermeira de soldados brasileiros. O segundo romance da escritora, O Lustre, começou a ser desenvolvido ainda no Brasil, e foi concluído nessa época em que ela esteve na Itália.
A cidade sitiada, lançado em 49, foi escrito por Clarice na Suíça, num período em que a autora sentiu muito a falta das irmãs e dos amigos que havia deixado longe para acompanhar as viagens do marido. Até 1952 ela escreveria contos, e nesse ano publicaria a compilação Alguns Contos, posteriormente renomeado para Laços de Família com adições em 1960.
Para escrever as colunas femininas – atividade independente do percurso literário – Clarice utilizava-se de vários pseudônimos. Referência recente a isso foi feita em reportagem publicada no jornal O Globo, dia dois de julho último, a respeito da compilação das colunas de assuntos femininos a ser lançada este mês com o título CORREIO FEMININO. A matéria apresenta uma faceta pouco conhecida mas também muito característica de Clarice: a da mulher vaidosa, e que como jornalista podia dar dicas para outras mulheres também preocupadas com a moda, a beleza e comportamento. Para falar desses temas, Clarice assinou como Tereza Quadros, depois como Helen Palmer, e também foi a ghost writer da atriz Ilka Soares. Outra atividade que Clarice exerceu foi a produção de livros infantis. O primeiro deles, O Mistério do Coelho Pensante, data de 1968 e foi baseado numa história real da família. Depois vieram A Mulher que Matou os Peixes, A Vida Íntima de Laura, Quase de Verdade e Como Nasceram as Estrelas.
Em março de 2005, o jornal americano New York Times lhe deu consagração internacional ao chamá-la deKafka da América Latina.
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