Acordo entre PM e manifestantes libera realização da Marcha da Liberdade
A Polícia Militar e a organização da Marcha da Liberdade, como ficou rebatizada a Marcha da Maconha, realizada no Centro da capital paulista, chegaram a um acordo neste sábado para que o ato transcorresse em segurança e não fosse palco das cenas de violência ocorridas na semana passada. Os integrantes da marcha, porém, não puderam mencionar a palavra “maconha” no material gráfico (cartazes, jornais, panfletos etc) distribuído durante o ato. Os discursos também evitaram a apologia a qualquer tipo de droga, segundo informou Gabriela Moncau, representante do movimento. O ato foi proibido pela Justiça de São Paulo nesta sexta-feira.
No meio da tarde, segundo mensagens nas páginas de microblogs, mais de mil pessoas estavam reunidas sob o vão do Museu de Arte de São Paulo (MASP), prontas para protestar por mais liberdade de expressão, uma vez que foram proibidas de lutar pela descriminalização da maconha. A marcha saiu da Avenida Paulista após as 16h para descer a rua da Consolação, e terminar na Praça da República. A Polícia Militar informou que havia oficiais realizando patrulhamento preventivo na região onde os participantes da marcha estavam concentrados.
O ato foi convocado durante a semana por meio de panfletos e redes sociais na internet, em reação à repressão policial à Marcha da Maconha, no sábado passado, proibida pelo Tribunal de Justiça sob o argumento de apologia ao crime e incitação ao uso de drogas. Na decisão, o desembargador Paulo Antonio Rossi afirma que o Ministério Público alegou que os participantes “pretendem dissimular o objeto patrocinado pela ‘Marcha da Maconha’, que seria a indução e instigação ao uso indevido de droga frente a uma numerosa parcela da sociedade paulistana”.
Rossi disse concordar que a Marcha da Liberdade era um meio de driblar a liminar que proibiu a Marcha da Maconha. Ele ainda esclarece que o mandado não visa coibir a liberdade da expressão, “mas sim coibir apologia ao crime ou a eventual induzimento no uso de drogas”. Antes de saber da proibição, os organizadores haviam dito que a nova marcha seria “pacífica e festiva” e teria como proposta a ampla defesa do direito de liberdade de expressão. Estavam convidados a participar do ato grupos como Movimento Negro, mulheres que defendem a legalização do aborto e ciclistas que lutam por mais espaço no trânsito da metrópole.
Os policiais militares suspeitos de cometer abuso de autoridade durante a Marcha da Maconha, no último sábado, ficarão afastados por tempo indeterminado. Segundo a assessoria de imprensa da PM, a sindicância que foi aberta para apurar o caso não tem prazo para ser concluída. A corporação não divulgou os nomes dos policiais, que seriam um tenente do serviço de rua e um comandante da Força Tática. O tenente, do Comando de Policiamento de Trânsito (CPTran), teria sido flagrado por uma emissora de TV ao dar uma rasteira em um manifestante. O comandante da Força Tática foi afastado até o fim do inquérito, por ser responsável pela tropa que atuou na marcha.
Por meio de nota, a PM informou que “os tenentes comandantes da operação foram colocados na realização de atividades internas e administrativas”. Os manifestantes protestavam pela regularização da droga. Por decisão da Justiça, dada na sexta-feira, a Marcha da Maconha tinha sido proibida.
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