ESTADOS UNIDOS
A melhor semana de todo o governo de Obama
O anúncio da morte de Osama bin Laden foi apenas um de pelo menos cinco grandes momentos, em cinco dias, com proporções históricas
Esta pode ser considerada a semana mais extraordinária da presidência de Barack Obama, pois seu governo conseguiu encontrar e eliminar o inimigo mais procurado do seu país cinco dias após ele apresentar sua certidão de nascimento, o que põe fim às especulações sobre sua nacionalidade.
Ao longo de cinco dias, começando em 27 de abril, Obama fez dois pronunciamentos surpresa que transformaram o cenário político. Ele anunciou seus planos de contenção após desastres naturais de proporções históricas e reformulou sua equipe de segurança. No seu tempo livre, ridicularizou seus rivais em potencial no próximo ano de campanha presidencial durante um programa humorístico bem recebido pelo público.
Seu discurso à nação na noite de domingo, em que declarou a morte do mentor dos ataques de 11 de setembro foi de longe o mais significativo dos eventos — com potencial para moldar o resto da carreira política de Obama — mas foi apenas um de pelo menos cinco grandes momentos, em cinco dias. A chave para o sucesso da semana se deu pelo imenso sigilo em torno da operação de caça a Bin Laden - e pela inexpressividade no rosto de Obama, que não deu nenhum sinal do que estaria por vir.
Quarta-feira passada, 27, Obama chegou na sala de imprensa da Casa Branca para a apresentação de sua certidão de nascimento, o que pegou a nação e a imprensa de surpresa e levantou especulações sobre o impacto que isso trará na corrida presidencial de 2012. Dois dias depois, em 29 de abril, Obama tomou a decisão, há muito tempo aguardada, de lançar uma operação terrestre no Paquistão, em busca de Bin Laden. Mais uma vez, o segredo foi bem guardado, assim como informações sobre o paradeiro de Bin Laden. Há quase nove meses os oficiais dos EUA estavam cada vez mais confiantes de que eles tinham descoberto onde estava o líder terrorista.
Mas aqueles eram apenas alguns itens no calendário presidencial. Nos dias seguintes, Obama virou-se para a tarefa menos espetacular, mas ainda vital de reorganizar sua equipe de segurança nacional. Anunciou na quinta-feira que iria nomear o diretor da CIA, Leon Panetta, para substituir o secretário de Defesa Robert Gates, movendo o general David Petraeus para a CIA e o diplomata Ryan Crocker para a Embaixada dos EUA em Cabul. As mudanças tiveram o potencial para alterar a abordagem do presidente para a região, antes mesmo da notícia da captura de Bin Laden.
Na sexta-feira, Obama visitou o Alabama, região onde o número de mortos desde os tornados na semana passada já passam de 300. O número torna a tempestade uma das piores da história dos EUA. Se não fosse por um problema mecânico, o presidente teria testemunhado no mesmo dia o lançamento, também histórico, de uma nave espacial, programado para ser o penúltimo da Nasa no Cabo Canaveral.
No sábado, depois da notícia de que um ataque aéreo da Otan teria matado um filho do líder líbio Muamar Khadafi, Obama encabeçou o tradicional jantar de Correspondentes de Casa Branca. Seu discurso, que incluiu algumas farpas aguçadas dirigidas aos possíveis candidatos presidenciais republicanos na plateia, pareceu ser bem recebido. E quando ele terminou, ele parecia relaxado, com um largo sorriso. Obama não demonstrou qualquer sinal de que uma operação de alto risco em todo o mundo pesava em sua consciência, ou que o ciclo dos ataques de 2001 estavam por se completar.
No domingo ele estava de volta à Casa Branca para falar sobre a operação no Paquistão. De acordo com uma cronologia detalhada divulgada pela Casa Branca, Bin Laden havia sido identificado como um dos mortos às 15h50m no horário local, muitas horas depois do início do ataque. Por volta de 19h, a informação havia sido atualizada: Obama foi avisado que havia uma “alta probabilidade” de que Bin Laden tinha sido morto. Outra informação foi recebida às 20h30m, e apenas uma hora e 15 minutos depois, às 21h45m, a Casa Branca enviou uma mensagem às redes de TV e jornais que o presidente faria um pronunciamento à nação em breve. Por volta das 11h36m, Obama estava pronto para o principal discurso do seu governo. Pouco antes da meia-noite, na presença de um punhado de assessores e de um grupo ainda menor de repórteres atordoados, Obama anunciou a notícia que o país e o mundo estavam esperando há quase uma década para ouvir.


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