Retorno de Zelaya divide Honduras
País vive expectativa de retornar à Organização dos Estados Americanos
Neste sábado, 28, Manuel Zelaya retorna a Honduras, quase dois anos após ser deposto do poder. Os que esperam com ansiedade a volta do ex-presidente a Tegucigalpa, repetem uma sequência de argumentos para defendê-lo: sem ele, o salário mínimo seria muito mais baixo em Honduras, e o preço da gasolina, muito mais alto.
“Só não vou à festa porque trabalho”, diz David Avila, 23, vendedor da Pizza Hut, em referência à recepção que a FNRP (Frente Nacional de Resistência Popular), que agrega os apoiadores de Zelaya, prepara para ele nos arredores do aeroporto da capital.
Assim como aconteceu em 2009, há sinais de que o ex-mandatário segue dividindo o país. “Não sei se foi golpe ou não foi golpe. Sei que foi necessário”, diz Hector Mendoza, 40, dono de um restaurante. “Honduras precisa de mais igualdade, menos pobreza, mas a resposta não é Zelaya. Eu o preferia longe, mas se isso nos ajuda internacionalmente, bem-vindo”.
O retorno do ex-presidente é resultado de um pacto selado com o atual presidente, Porfirio Lobo. O trato inclui a anistia do ex-mandatário e apoiadores, abre as portas para que a FNRP se torne um partido, e inclui a possibilidade de uma consulta nacional a respeito da convocação de uma Constituinte. O acordo foi mediado por Venezuela e Colômbia e deve ser o passaporte para que o país seja reintegrado à Organização dos Estados Americanos na quarta.
Retorno incondicional
“Caso retorne à OEA, Honduras retorna à OEA, se retornar, com as mesmas condições, as mesmas prerrogativas que os demais países-membros. Os poderes públicos de Honduras fizeram sua parte e a comunidade internacional flexibilizou posições”, declarou O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, que afirmou que o tratado assinado por Lobo e Zelaya em Cartagena, na Colômbia é “um acordo entre hondurenhos, algo que a OEA e o resto da comunidade internacional sempre quiseram que acontecesse”.
A OEA suspendeu Honduras por não restituir o ex-presidente Manuel Zelaya depois do golpe de Estado de 28 de junho de 2009. O retorno de Honduras ao organismo requer pelo menos o voto de dois terços dos Estados-membros. “Mas todos queremos que isto ocorra por consenso, por unanimidade, ou pela maior quantidade de votos possível”, declarou Insulza
O Poder Judiciário anulou, no último dia 2, os dois processos por suposta corrupção que pesavam contra Zelaya, medida que vários países exigiam para apoiar o retorno do país à OEA. Honduras deverá ter seu retorno aprovado na Assembleia Geral Extraordinária da organização, no dia 1º de junho, em Washington.
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