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O gás natural é realmente uma alternativa mais limpa?

quinta-feira, 19 de maio de 2011


O gás natural é realmente uma alternativa mais limpa?

RECURSOS NATURAIS

Dúvidas quanto a riscos causados pela extração de gás natural preocupam norte-americanos


Equipamentos de perfuração se amontoam sobre os silos nas fazendas da Pensilvânia. Platôs que antes estavam vazios onde cervos e aves circulavam livremente, agora parecem uma rede neural vistos do alto, com áreas de exploração conectadas por estradas de terra espalhadas pela paisagem.

Esses são sinais do boom do gás natural nos Estados Unidos. Graças à nova tecnologia de perfuração, e, em particular a um processo conhecido como fratura hidráulica ou fracking, o tamanho das reservas confirmadas está aumentando. No fim de 2009, os Estados Unidos tinham reservas estimadas em 283,9 trilhões de pés cúbicos de gás natural, um número 11% maior que o do ano anterior. Em 2010, o país produziu 22,6 trilhões de pés cúbicos de gás natural. Em 2005 a produção havia sido de 18,9 trilhões de pés cúbicos. O preço na fonte por mil pés cúbicos caiu de US$ 7,33 para US$ 4,16 durante o período.

Gás natural é barato e abundante, o que faz dele uma alternativa cativante para a energia eólica e a energia solar, que são relativamente caras e erráticas. E fábricas funcionando com energia do gás natural emitem bem menos dióxido de carbono que as energizadas pelo carvão sujo. Quase metade da eletricidade dos Estados Unidos é gerada pelo carvão, e essa geração é responsável por 40% das emissões de CO2 dos Estados Unidos. Em 2009, as emissões de gases de esfeito estufa atingiram seu nível mais baixo desde 1995. Isso aconteceu em parte pelo mau momento da economia, mas também pelo uso de energia renovável e gás natural.

Mas alguns se perguntam se o gás natural é realmente tão ecologicamente correto assim. Por um lado, o fracking usa uma enorme quantidade de água, um recurso altamente subestimado. E o processo também libera metano, um potente retentor de calor. Um estudo comandado por Robert Howarth, da Cornell University, revelou que as emissões de gases de efeito estufa durante o ciclo de vida da produção de gás natural podem ser consideravelmente maiores que as do carvão por unidade de energia concedida. Um cuidado maior com a liberação de metano poderia reduzir o problema.

E o fracking gera outra preocupações. No processo, uma mistura de areia, água e produtos químicos é bombeada embaixo da terra em uma pressão feroz. Isso quebra as formações de xisto argiloso, liberando o gás que está retido, para que possa ser bombeado de volta para a superfície. Mas a prática está quase que inteiramente ausente das leis, graças a uma isenção de 2005 da Lei de Água Potável Segura. Três membros do Congresso recentemente divulgaram um relatório sobre o fracking, afirmando que companhias de gás e petróleo usaram mais de 2.500 produtos de frackingcontendo 750 produtos químicos entre 2005 e 2009. Alguns ingredientes eram benignos, como ácido cítrico e café instantâneo. Outros, no entanto, eram altamente tóxicos, como benzina e chumbo. Apenas cinco estados exigiram revelações públicos dos produtos químicos usados, e apenas para proporções limitadas. Isso está incomodando os fazendeiros, a população e os ambientalistas em grandes estados produtores como o Colorado, a Pensilvânia e o Texas, o maior produtor de gás natural dos Estados Unidos, onde uma enorme reserva – a Barnett Shale – está localizada sob uma grande cidade, Fort Worth.

O principal temor é de que a mistura misteriosa usada no fracking contamine os reservatórios de água. Em algumas da cidades exploradas, moradores locais conseguiram incendiar a água de suas torneiras, e houve registros de acidentes. No fim de abril, a Chesapeake Energy, uma grande companhia, suspendeu suas atividades defracking na Pensilvânia depois que um de seus poços de gás natural explodiu e espalhou fluido tóxico de perfuração em um córrego. A França suspendeu temporariamente o fracking, e está próxima de proibir a atividade por completo.

Ativistas e cientistas afirmam que, se o processo é seguro, as companhias deveriam se expor. “Se eles não têm nada a esconder, por que a indústria é tão paranoica com a revelação dos produtos químicos usados?” pergunta Steve Torbit, diretor executivo da Região das Montanhas Rochosas da Federação Nacional de Vida Selvagem. Talvez seja necessário. A Agência de Proteção Ambiental está estudando o processo. Em 2009, democratas da Câmara propuseram leis que forçariam a indústria a revelar os produtos usados no fracking. Vários estados, inclusive o Texas e o Colorado têm leis semelhantes sendo analisadas.

Nesse meio-tempo, a preocupação pública está crescendo. No fim do mês passado, 200 pessoas lotaram uma audiência do Departamento de Gestão de Terras em Golden, Colorado. Dave Cesark, um executivo da Mesa Energy Partners LLC, tentou reassegurar o discurso, afirmando que os produtos químicos usado sno frackingconstituem “apenas um gota na mistura”: apenas 0,5% dos fluídos totais, incluindo a água, que a companhia usa para extrair o gás natural. A multidão não se convenceu. Alguns produtores reclamarão que qualquer regulação sobre ofracking será uma restrição injustificada sobre seus negócios. Mas se o gás natural não for produzido de maneira limpa, ele também não será tão barato. A revelação completa é um preço que vale a pena ser pago.

Premiado no Sundance Film Festival, e exibido no Festival de Cannes do ano passado, “GasLand” é um elogiado documentário sobre o fracking, dirigido por Josh Fox, que concorreu ao prêmio de melhor documentário na última edição do Oscar. “GasLand” ainda não tem previsão de lançamento no Brasil.


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